Manter os filhos isolados é uma tarefa hercúlea. Muitos estão de férias, mas já tiveram aulas em casa e em breve vão voltar ao mesmo sistema. Por isso, há trabalho a dobrar para os pais. Mas com calma e organização tudo se consegue.
As escolas públicas seguiram o calendário relativo às férias da Páscoa e as crianças estão neste momento no gozo das mesmas. Os próximos tempos de lazer destas férias e de estudo (referentes ao 3.º período ou ao resto do 2.º semestre, consoante o estabelecimento de ensino) vão ser em casa, não haja dúvida. Então, o que se deve fazer para manter as rotinas da escola com crianças do pré-escolar e do 1.º ciclo, mas em casa? Para responder a esta questão, contactámos Vanda Robalo, psicóloga clínica.
Vanda Robalo começa por recordar que estar em casa com os filhos a tempo inteiro é um “verdadeiro desafio”. Porque os pais já têm a responsabilidade de educar os seus filhos de forma que estes “possam adquirir as competências necessárias para que o seu desenvolvimento social, emocional, intelectual, físico e moral proporcione uma boa adaptação à sociedade”. E agora acrescenta-se a necessidade de “proporcionar ferramentas pedagógicas para dar continuidade aos estímulos cognitivos e intelectuais, à semelhança dos que recebiam na escola, com os seus professores”.
Existe, todavia, uma enorme vantagem para agilizar este processo e que passa por dar continuidade ao trabalho desenvolvido na sala de aula. “Não sabemos todos os pormenores, mas percebemos que as crianças vêm para casa com novos conhecimentos para partilhar e organizadas. Esta será a base, manter a organização das crianças, pois esta é referente a: organização mental, organização social, organização emocional.”
Para a psicóloga clínica, ao manter a rotina está-se a transmitir à criança segurança, confiança, autonomia e uma relação emocional mais profunda e estável. Já quebrar os hábitos diários pode levar a “um aumento da ansiedade, surgindo comportamentos diferentes e inapropriados, por vezes”. “Desenvolver algumas rotinas irá transmitir menos desconfortos e maior capacidade de superação e adaptação perante a situação em que nos encontramos”.
Vanda Robalo alerta que o nível de concentração e atenção será diferente daquele que existe na sala de aula, onde as crianças agem de acordo com regras específicas do local. Por isso, “o ideal será criar um espaço em casa para desempenharem determinadas tarefas”. E dá dois exemplos: a leitura de uma história pode ser na varanda, enquanto o desenvolvimento da motricidade fina pode ser na sala de estar. É importante ir mantendo estes locais.
Estabelecer um “conjunto de regras” com as crianças durante estes momentos poderá ser igualmente útil, avisa. “E acima de tudo perceber que o prazer em aprender deve superar a necessidade de aprender – é através da atividade lúdica que se aprende com sucesso, suportada por boas experiências emocionais”, conclui.
Publicado 01-Abr-2020 / 19:32